A Figura
A coisa, amorfa,
entreabriu os olhos,
soprou as cabeças,
beijou-lhes as faces.
Seus lábios, enormes,
são grandes e verdes.
A língua é roxa.
Beijou-lhes as faces,
tocou-lhes os olhos,
baixando as pálpebras.
A boca, infeita,
cantou um seu canto,
e surdos tambores
bailaram nos ares,
os corpos tomaram.
E enquanto bailavam,
bailavam, bailavam,
os corpos sorriam,
os corpos cantavam,
os corpos dormiam,
cedendo ao seu canto,
ingênuos, insanos,
também desatentos
aos grandes cavalos
por trás da figura:
uns cachos horrendos,
nodosos e roxos,
caindo dos lábios.
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