segunda-feira, outubro 30, 2006

De Profundis

Diz-me: que Deus é esse, Esse,

cujo nome é Timidez?


(Abro um parêntese, ó

tu Quase-Ogro, tu Lírio-

-Obscuridão: te digo:

ouvi teu sussurro — és

muito sussurroso, sempre

chegas ladrão. Quem o disse?

Quem diria? Que o tal teu

vago dizer viesse a ser

inversão — não deixai vosso

quarto vazio, pois os sete

demônios o tomarão.

E se de ti se esvazia?

Diábolos, diábolos, diábolos

vezes dois mais um e mil

beijam-me a boca instalados

no vazio-vastidão. Ó

anêmona! ó alga ó

salmão! Anzol. Carpa breve

luzidia em minha mão

— etérea, difusa quando

lhe tocava os lábios nos

irisados, a beleza

desejada. Ó fração.

É oco e muros, espaço

e paredes e ecos e

o altar erigido, centro

do /in/cômodo. Bezerro

dourado? Qualquer um que

se preste à adoração.)