De Profundis
Diz-me: que Deus é esse, Esse,
cujo nome é Timidez?
(Abro um parêntese, ó
tu Quase-Ogro, tu Lírio-
-Obscuridão: te digo:
ouvi teu sussurro — és
muito sussurroso, sempre
chegas ladrão. Quem o disse?
Quem diria? Que o tal teu
vago dizer viesse a ser
inversão — não deixai vosso
quarto vazio, pois os sete
demônios o tomarão.
E se de ti se esvazia?
Diábolos, diábolos, diábolos
vezes dois mais um e mil
beijam-me a boca instalados
no vazio-vastidão. Ó
anêmona! ó alga ó
salmão! Anzol. Carpa breve
luzidia em minha mão
— etérea, difusa quando
lhe tocava os lábios nos
irisados, a beleza
desejada. Ó fração.
É oco e muros, espaço
e paredes e ecos e
o altar erigido, centro
do /in/cômodo. Bezerro
dourado? Qualquer um que
se preste à adoração.)
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