segunda-feira, outubro 30, 2006

Permanências

A mulher (são treze filhos)

sai da maternidade. Leva consigo os novos

(são três que agora carrega). No quarto

(que umidade nos cantos), beija os tenros

rebentos, dizendo a seus ouvidos: Meu Deus,

muito obrigado!


Argh, que coisa horrível! — diz a acadêmica,

lendo o seu matutino. Anda muito absorta,

puxando numa das mãos a sua única-filha

(laqueara as trompas em um distante dezembro),

metida em um uniforme (de pedras, flores, strass). Na outra mão,

orgulhosa, carrega o calhamaço de importantíssima tese

que hoje defenderá. Causa de ficar gravada

pra sempre nos altos anais.