segunda-feira, outubro 30, 2006

O Elefante

O elefante passou por entre as gentes

e todos pararam para observar !


Seu olho é um lago escuro-prateado

(um lago com tromba e patas).


É sempre uma candura;

o de-baixo-da-tromba, um sorriso.

Embora se pense,

em testar-lhe o passado,

que existem laivos de tristura.


Eu miro seu olho

(espelho tranqüilo).


Não se assemelha

(esse lago!)

à velha e outra serenidade.

[Aquele o é porque sempre o foi;

esta, porque esqueceu

(ou não quer lembrar).]


Eu miro esse olho e então me desdigo,

pois sua tristura

de olhos que viram o não dito

me fere com farpas o em que acredito,

o de que eu quero me lembrar:


O elefante é uma criança

(ainda imaculada).


Se um elefante visitasse meu jardim

(e pisasse as tulipas),

eu sorriria.