segunda-feira, outubro 30, 2006

Hisatorieta

A bola rolou a encosta (deu no vilarejo) e todos acorreram (lépidos, para vê-la). Era robusta e vinha cheia de cicatrizes (a superfície marcada) (interior em repouso de certezas) (atraiu os povos), e de todos os cantos vieram enxergá-la (caravanas de famílias e cachorros) (bodes e cabras). Mas ela, sentídica, espelhava em si os quantos rostos se lhe mostrassem. E todos fugiram, espavoridos (tomaram de seus pertences), deixaram as casas (só ficaram os animais). Deram antes ordens às aranhas para que tecessem as teias sobre “aquela monstruosidade”. Elas não o fizeram como mandado (atapetaram um ladeado de prata). Ao redor da espelhada redondez foi erigido um altar de pedras (trabalho dos bichos silvestres) sobre o gramado nascido. À noite, vaga-lumes tremeluziam. Dia e noite presenças em seu derredor. Cantos laboriosos. Louvor, exaltação. Não poderia ela — nunca! — ser abandonada; jamais ela veria a plena desolação.